Antes de ser tão adulta.

Eu sempre tive mania de olhar para as pessoas e observar o seu modo de se comportar. Isso sempre acompanhou a minha mania de procurar um lugar para sentar que não tivesse pessoas ao lado.

E nessa minha mania de observar as pessoas, protegida por um livro nas mãos, eu descobria o mundo e me descobria. Você pode até achar que eu era anti social, mas essa era a minha forma de ser muito social, a minha forma de ouvir os outros ao invés de querer que o mundo parasse para me ouvir.

E isso me dava bastante prazer. Me dava ideias. Me trazia vontade de escrever, um dia, um livro. Era o meu momento de solidão em meio a multidão. Era meu momento do ouvir de mim mesma o que eu pensava do mundo.

Esses momentos agora são muito raros (será que ainda existem?). Sempre estou acompanhada. E a maioria das vezes, ao invés de ouvir o outro, estou somente esperando a minha vez de falar.

E hoje me dei conta que ao parar de observar o mundo a minha volta, eu parei de observar o mundo dentro de mim. Nada parou de acontecer, as pessoas, e eu, continuam correndo, rindo, chorando, falando sozinhas, contando mentiras, contando verdades e o tempo passando rápido… Sou eu que não vejo, não ouço e não penso mais.

Acho que isso faz parte da minha vida mais adulta, essa que me faz pensar muito mais nos meus filhos, no meu casamento, nos meus desejos materiais, nos meus efêmeros problemas, em como eu eu eu eu…

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