Eu estava ao lado dela o tempo todo, mas senti muita saudade.

Esta semana experimentei um sentimento que eu, embora não queira, acredito que ainda experimentarei muitas vezes em minha vida. Há uma semana atrás a Natália ficou doentinha, com tosse, vômito e febre. Ela já está bem melhor e fico muito feliz em ver ela brincando e sorrindo de novo.

Mas o dodói dela não é exatamente o assunto que quero abordar. Já disse aqui em outro post que me orgulha o fato da primeira frase dita por ela ter a palavra “papai”.

Sim, isso mesmo. Ela olhou pra mim e disse “Não, papai.”

Ela não é de ficar de muito grude comigo e eu respeito muito isso. Na verdade quando eu chego em casa eu dou um beijo em todo mundo e deixo ela por último pra ver se vou conseguir, mas raramente ela deixa sem reclamar e algumas vezes deixa muito claro que não é pra eu chegar muito perto. É, eu deveria estar acostumado com isso, e realmente achei que estava, só que não estou.

Fazendo bolhas de sabão com a Natália

Esta semana que passou, com ela doentinha desse jeito, a sensibilidade aumentou muito e todo esse sentimento foi potencializado e eu confesso que senti ausência dela. Enquanto a Diana, com os braços dormentes, já não aguentava mais carregar ela pra lá e pra cá e acordar no meio da noite pra embalar e ajudar a dormir, eu ficava ali tentando ajudar com atividades secundárias que não envolvessem nenhum contato direto, pois se ela abrisse os olhos e visse que era eu que estava cuidando dela, ai, ai, ai…

Em resumo, foi uma semana sem praticamente nenhuma aproximação, nenhum abraço, sem pegar no colo, sem um cheirinho, sem poder dar um beijo e confortar ela quando estava se sentindo mal.

Ontem a noite, com ela já bem melhorzinha, saímos pra passear e ela veio no meu colo, me abraçou, passeamos e nos divertimos. Foi aí neste momento que eu tomei consciência da falta que ela havia me feito nesses dias e percebi o quanto é importante buscar uma aproximação lúcida com os filhos, sem ilusões, sem devaneios, sem chantagens, sem amarras, sem culpas e sem forçar a barra em nenhum momento.

Pois tão rápido quanto eu nem posso imaginar a Natália e o Bernardo estarão saindo pela porta pra estudar fora, viajar, fazer intercâmbio, namorar, casar, constituir família e viver longe.

E aí eu me pergunto: Quem vai me devolver esse amor incondicional que eu doei a eles durante todo esse tempo?

E aí eu mesmo respondo: Esse amor incondicional não era meu, eu recebi dos meus pais e estava guardando pra eles. E eles entenderão muito bem isso quando tiverem seus próprios filhos.

Você quer ser o melhor? Por quê?

  • Você não é melhor porque escreve livros, poesias, elabora lindos textos e entende muito de língua portuguesa.
  • E também não é melhor que ninguém por falar outros idiomas, ter visitado outros países e ter vivido experiências únicas.
  • Você não é melhor que ninguém porque gosta de andar a cavalo, gosta de coisas simples, do interior e não se deixa impressionar por modernidades.
  • Não é melhor que os outros porque é um atleta, corre, anda de bicicleta, se dedica muito, só come comida saudável e tem uma saúde de ferro.
  • Você não é melhor porque tem dinheiro no banco, um trabalho importante, uma casa na praia, um carro bacana e anda cheio de amigos.
  • Não é melhor por pagar suas contas em dia e ser organizado com suas finanças.
  • Não é melhor porque é inteligente.
  • Você e seu carro importado não são melhores que a pessoa que cuida do estacionamento.
  • Sua percepção é mais apurada e você consegue compreender melhor a vida, mas isso não te faz melhor que os outros.
  • Não é melhor que as demais pessoas porque é músico, porque é seletivo nos gostos e se acha cult.
  • Ser corajoso e se arriscar como poucos fariam não faz de você melhor que ninguém.
  • Você não é melhor que o seu vizinho porque você recicla o lixo e respeita o meio ambiente.
  • Você não tem o direito de achar que é melhor que as pessoas que não vão a missa todo domingo como você faz.
  • Você não é nada mais que os outros só pelo fato de ser um médico com especialização, mestrado e doutorado.
  • Você não é mais que os outros porque se formou como advogado e passou com a melhor nota da turma.
  • Você não é melhor que os demais porque foi o primeiro no concurso público.
  • Não, você não é superior porque entende de matemática, física e tem a capacidade de estudar que muitos não tem.
  • Não, sua força não te faz superior aos outros.
  • Ser educado, não falar palavrões, não ter nenhuma tatuagem e nem piercings não te faz melhor que ninguém.
  • Você não é melhor que os outros por causa de suas escolhas e suas preferências.
  • Você pode não jogar seu lixo no chão e recolher todo lixo que encontrar, mas ainda assim não será superior ao varredor de rua.
  • Você não é melhor que ninguém por ser um exímio lutador de artes marciais.
  • Também não é melhor que ninguém por ser um ativista da paz e viver em harmonia com tudo e com todos.
  • Você entende de informática e assemelha-se a um gênio, mas não é melhor que ninguém por causa disso.
  • Suas habilidades para salvar vidas em situações de perigo são louváveis, mas isso também não te faz melhor que ninguém.
  • Ser policial e ter poder para estabelecer a ordem pública tampouco é capaz de fazer uma pessoa superior a outra.
  • Você não é melhor que ninguém por ser bonito, elegante e bem vestido.
  • Você não é melhor que os outros porque está casado e tem uma família dentro dos padrões.
  • Você não pode se sentir mais que outras pessoas por ser filho de pais que nunca se separaram.
  • Você não tem mais valor que as pessoas que não pensam como você.
  • As pessoas que não acreditam nas mesmas divindades que você acredita não são inferiores a você.
  • Você não é mais importante que o garçom que te serviu o jantar.

Enfim, nada daquilo que você é ou faz te deixa melhor que os outros.

Se quiser ser melhor que alguém, seja melhor que você mesmo. Observe aspectos que te desagradam nas demais pessoas e melhore isso dentro de você.

Todo dia é dia de índio

Se tem uma coisa que é garantia de muita diversão e horas de distração com a filharada é a cabaninha feita com cadeiras, cobertas, travesseiros e tudo mais que estiver a mão. De vez em quando fazemos isso por aqui e, se não olharmos pelo lado da bagunça, é sempre muito divertido. Mas dessa vez resolvemos fazer algo mais elaborado.

Este é um projeto que estava em nossos planos há muito tempo e que agora conseguimos realizá-lo. Trata-se de uma daquelas tendas usadas por índios norte-americanos e que além de muito divertida ainda permite extravasar a criatividade da criançada.

Para fazer a tenda seguimos os seguintes passos:

1º) Juntamos 5 barras de cano PVC com 2 metros cada uma, cordinha de sisal, barbante para costura a mão, tintas coloridas, 2,50 metros de tecido de algodão cru e muita disposição;

construindo-uma-tenda-de-indio-1

2º) Unimos as cinco barras de cano e amarramos cerca de 20cm em uma das extremidades;

3º) Armamos a estrutura da tenda e marcamos com um giz o local amarrado. Observe que ao armar a estrutura as extremidades ficarão com tamanhos diferentes. Nós usamos o pirógrafo, perfuramos e passamos a cordinha para unir as barras;

Construindo uma barraca índigena

4º) Depois cortamos o tecido em forma de triângulo conforme a estrutura armada e costuramos um pedaço ao outro;

Construindo uma barraca índigena

5º) Com o tecido já montado amarramos a tenda na armação deixando uma porta;

6º) Por último fizemos alguns detalhes com a corda de sisal pra ficar mais rústico e as crianças deram o toque final pintando as paredes!

construindo-uma-barraca-indigena-4

E depois é se preparar para muito tempo de diversão, dentro de casa, na praça, no parque, na casa da vovó e onde mais tiver vontade!

Este artigo foi publicado na Revista Educar (abril 2015).

Está decidido. Eu quero ser um pai independente…

Nós criamos os filhos para o mundo (Falar é fácil, quero ver na prática).

O Bernardo está com 7 anos e, ao contrário da Natália, sempre foi menos independente, quer sempre a gente por perto e, embora seja capaz, prefere depender de ajuda para fazer a maioria das coisas, essa é uma característica da personalidade dele e nós tentamos respeitar o seu tempo de amadurecimento. Mas essa semana ele apresentou dois rompantes que, de leve, me fizeram pensar nas coisas que ainda virão.

Já faz algum tempo eu fiz um tênis em papelão para que ele aprendesse a amarrar os sapatos sozinho, ele treinou e aprendeu, mas sempre dá um jeitinho de pedir ajuda, alega que é difícil, que está cansado, com sono, etc, etc, etc. Mas me surpreendeu em uma manhã dessa semana quando eu vi que ele já havia amarrado os sapatos sozinho, sem as costumeiras pressões que faço pra ele se arrumar e no mesmo dia ao chegar na escola saímos do carro e ele disse – “Pode deixar que eu vou sozinho, já estou bem grandinho.”

Na hora eu pensei: “Como assim? Você depende de mim pra se cuidar menino. Você acha que pode fazer essas coisas, mas não pode Nemo, oopps… Bernardo.”

Imagine só, o carro fica estacionado há no mínimo uns 100 metros da escola e ainda tem que atravessar uma rua onde os carros andam a pelo menos uns 20 Km/h. É um absurdo ele querer ir sozinho, não acham?

bernardo-escola-cinza

O que acham que eu fiz? Deixei ele ir sozinho, é claro. Depois de ajudar ele a atravessar a rua e quando estava há uns 20 metros do portão.

E neste momento eu percebi o quanto ‘EU’ sou dependente. Isso mesmo, considerar que os filhos são dependentes dos pais é um auto-engano, é algo em que nos apegamos e tentamos acreditar enquanto podemos, mas inevitavelmente a inversão se dará em um tempo bem mais curto que esperamos. Os sentimentos que se tem por um filho são inexplicáveis e o desejo de tê-los em baixo das nossas asas por toda a vida existe e é inegável, mas eles crescem, se tornam independentes e, além de tudo isso, têm vida própria. E a casa cheia, bagunçada, barulhenta e repleta de choros e risadas em muito pouco tempo se transforma em uma residência organizada, silenciosa, sem disputas por atenção e por aparelhos eletrônicos, mas com tendência a se tornar oca, vazia e sem graça.

Aí vê-se e confirma-se a importância de ter alguém ao seu lado que monitore seu envelhecimento e que ao te ver de óculos diga “Nossa, você está parecendo um senhorzinho.” E que ajude a preencher todos os espaços que possam ter ficado vazios com a independência e o inevitável distaciamento dos filhos.

E ao perceber isso eu decidi que pretendo ser um pai totalmente independente. E quando o Bernardo e a Natália estiverem com seus 25 e 30 anos e já puderem sair sozinhos a noite com os amigos eu prometo que não vou ficar sem dormir até que eles voltem pra casa.

Você ensina seu filho a respeitar os índios? Pois eu não…

Calma, não me processe ainda. Eu tenho como explicar. 

Quando os filhos estão em fase de aprendizado (24 horas por dia, 7 dias por semana) é comum que nos surpreendam com perguntas embaraçosas ou com explicações sobre assuntos que aprenderam na escola e que nos contam como se houvessem descoberto o segredo do universo e que então ao nos contar estariam nos trazendo uma novidade imensa e que nem de longe nós, os pais ultrapassados, poderíamos imaginar que existisse.

Não sou o tipo de pai que corrige qualquer coisa que os filhos aprendem e que esteja fora dos meus preceitos, se não haverá prejuízo à sua formação como pessoa eu prefiro que descubram sozinhos, no seu devido tempo.

Mas recentemente o Bernardo me trouxe uma informação que aprendeu na escola e eu me senti na obrigação de intervir e expôr minha opinião sobre o assunto. Ao pegá-lo na escola ele me disse: “Pai, hoje a professora disse pra gente que precisamos respeitar os índios.”

E eu disse a ele: “Não filho, a gente precisa respeitar todas as pessoas. Não importa se é índio, negro, branco, amarelo, homem, mulher, pobre, rico, bonito ou feio. O que importa é que é uma pessoa e todos merecem respeito.”

Tenho satisfação em saber que até esse momento meu filho não faz distinção nenhuma de cor, classe social ou seja lá o que for mais. Porque penso que o ideal é que essa questão nem sequer existisse, que as diferenças físicas não sobrepujassem absolutamente nada e que o respeito fosse cultivado pelo simples fato de sermos todos seres humanos e não porque há diferenças sociais impostas e disseminadas. Acredito que campanhas e educação anti preconceito sejam, na verdade, as maiores causas do preconceito que existe, pois amplificam e intensificam as fronteiras sociais criando um lado opressor e outro oprimido.

Então reafirmo; não ensino meus filhos a respeitar os índios ou qualquer outra minoria étnica, eu os ensino a RESPEITAR TODAS AS PESSOAS de forma igual.

E pra selar isso resolvemos fazer um artefato de uso indígena que rende muita brincadeira, ajuda muito no desenvolvimento deles e que é muito divertido pra fazer, o pau-de-chuva. E aproveitamos pra fazer um vídeo ensinando como fazer o seu.

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