Um menino frustrado e um bebê que não sabia soltar pum!

Pensa em uma palavra mágica. Uma palavra que seca lágrimas de tristeza e dor e transforma em riso verdadeiro. Que transforma riso verdadeiro em gargalhadas espontâneas. Que tem o poder de curar um dodói sem beijinho de mamãe. Que tem o poder de fazer um filme ficar engraçadíssimo. Que deixa o dia azul, as manhãs claras e o copo meio cheio!

Essa palavra é PEIDO (e todos os seus adjacentes, barulhos, cheiros e texturas).

Até ser mãe de um menino, que acha meleca a coisa mais linda do mundo, pum o barulho mais engraçado da vida e arroto um dom perfeito que o diferencia dos outros mortais, eu nunca tinha percebido o quanto a irreverência e atitude de um personagem qualquer, correspondem proporcionalmente ao quanto ele é porco e sem educação.

Mas como uma mãe, mulher e membro oficial das pessoas que não conseguem descobrir taaanta graça assim em porquices, eu sempre ensinei para meu filho bons modos na frente das visitas. Mostrando que para tudo tem hora e lugar adequado. Ele sempre assimilou bem.

Então nasceu Natália. Um bebê que tem dificuldade de soltar pum. E isso minhas caras colegas mães, pode causar noites insones e berros inconsoláveis. Por esse motivo, sempre que a menina solta um pum sonoro, longo e de preferência que encha a fralda de muito coco, Papai e Mamães festejam! Batem palmas para o bebê, dão risada, ficam genuinamente muito felizes, fazem comentários construtivos e de grande estímulo! Isso sem contar os esforços para um arroto bem solto! (Quem nunca?)

Então o que o menino entendeu? Que soltar pum, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, e sob a pressão de qualquer comida ingerida, passou a ser uma coisa bonita, legal e que agrada os pais! Porque né, se a irmã pode…

Só que com ele a reação não era de aplausos e beijos de parabéns. Pois ninguém se priva de sono precioso se o menino não fizer isso em público. Ele é repreendido.

Mas fica com aquela cara de “meus pais amam mais a minha irmã”, que corta o coração enlouquecido de hormônios (ou falta de) de uma mãe com horas de sono atrasado, poucos braços, celulite grau 16 e memória lesada.

Experiências de mãe de dois!

A super compensação da culpa.

Depois que engravidamos (eu carrego a criança, mas toda a família está gestando…), começamos um processo natural de super compensação para o Bernardo, como se o menino estivesse prestes a passar por um trauma terrível!

O menino aprendeu rapidinho a conviver com essa nova realidade, onde alguém trazia um paninho de boca para o neném e um brinquedo para ele, entre outras coisas que começaram a ser feitas especialmente para ele, para que não tivesse ciúme de um feto de 5 cm.

Quando percebi, estava voltando para casa com uma criança choraaaaaando porque queria uma pista nova naquele dia, naquela hora. E eu naquela insegurança de achar que era porque estava sentindo a mudança eminente e tals…

Então me dei conta. O menino não estava reagindo a gravidez, estava reagindo as nossas ações. Estava fazendo o que todo mundo esperava dele. Estava ficando manhoso e birrento. Estava tendo ataques de choro. E estava se acostumando a ganhar o que quisesse, a hora que quisesse, porque né, ele iria sofrer…

Quando eu e meu esposo chegamos a essa conclusão, o que não foi um click claro e instantâneo, começamos a mudar a nossa forma de lidar com a situação. O resultado? O menino voltou ao seu normal. Voltou a ser doce e ter paciência. Voltou a entender que pistas são presentes de aniversário. E começou a aproveitar a espera do neném.

E aí nós nos surpreendemos com suas reações. Bernardo está curtindo a gravidez. Não se interessa em nada por roupinhas e sapatinhos, nem para curtir, nem para ficar olhando de longe a nossa curtição, simplesmente ignora. Mas curte muito as histórias que eu conto para ele, de como será trocá-la, e levá-la para passear. De como nossa vida vai mudar, e como ela vai ficar feliz quando ele chegar. Sempre é carinhoso com a barriga. Sempre inclui a menina em nossos planos. Espera ansioso pelo dia que a gravidez atingirá o número nove no seu livrinho, e enfim sua irmã esteja pronta para chegar ao mundo.

Se ele vai sentir a sua chegada? Acredito que sim. Eu ainda lembro de como me senti quando nasceu minha irmã. Mas o que eu, como adulta da relação preciso entender, é que não posso prever e me antecipar a esses fatos. Correndo o risco de piorar as coisas. Correndo o risco de rotular tanto um sentimento a ponto de interferir na ordem natural de amadurecimento de uma relação que irá se construir.

Difícil a gente ver um filho crescendo e permitir que ele cresça. A vontade sempre é interferir, remediar, colocar na barra da saia e sofrer por ele. O problema é que a gente tenta sofrer por ele sofrimentos que talvez não existam, e que se existirem, tem um papel fundamental para o desenvolvimento saudável e formação do filho alto, bonito, e cheio de caráter que a gente sonha!

Bernardo e o nascimento de um irmão mais velho!

Professora do Bernardo veio falar com Paulo na semana passada. Perguntou se alguma em casa havia mudado, se tinha acontecido algo sério, pois ficou impressionada com uma reação do menino.

Bernardo sempre emprestou seus brinquedos, nunca bateu nem mordeu os amigos, é do tipo bonachão, que vai cumprimentado a galera pelas salas, conhecido pela maioria, tipo boa gente, sabe?

Aconteceu que minha mãe o presenteou com a Fazendinha Tirol completa, e quem tem filhos sabe que essa onda está no pico, e todos desejariam esse presente.

Só que ao invés do menino brincar com os colegas, ele pegou o pacote, foi para o cantinho da sala, e se alguém chegasse perto ele rosnava. Não tipo um cachorro bravo, tipo o Jake do avatar, com aquela rosnar que vem da garganta, defendendo seu território. hehe

Pensei em todas as coisas que pudessem estar acontecendo, será que estou brigando muito, ou brigando pouco? Será que estou dando muita atenção, ou dando pouco? Será que ele não consegue expressar seus sentimentos e no futuro vai ser aquele personagem louco e secundário dos filmes que surta e rosna e sai de cena? o.O

O fato é que vem acontecendo sim uma coisa, tem 500 gramas, 32 cm, e até nome. Cresce diariamente, recebe carinho e atenção, presentes de todas as pessoas que o Bernardo ama. Vai brincar com seus brinquedos, vai morar na sua casa e vai bagunçar a segurança no seu mundo.

Mas muito pior do que tudo isso junto, vai sair da barriga da sua mãe, vai mamar no peito da sua mãe, vai andar no colo da sua mãe e vai chamar sua mãe de MÃE!

O que me conforta é que sei que as vezes rosnar é necessário, e que essa é uma das primeiras coisas que Natália vai ensinar para Bernardo…

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