Ontem almoçamos na casa da minha cunhada, que mora na parte de cima de uma casa de dois andares. Na saída, depois das despedidas, Bernardo correu na nossa frente, e um cachorrinho que pertence ao vizinho que mora em baixo o atacou.
Foi tudo muito rápido, aquele alvoroço, e Bernardo correu de volta para nós aos berros. Poderia ter sido só o susto de ter sido atacado, mas quando fui conferir suas pernas, constatei a dentada. O ferimento foi bem superficial, o local está com um leve edema e roxo. Não chegou a perfurar a pele, já vi mordida de criança contra criança muito mais violenta… hehe
Se o cachorro quisesse poderia ter feito um estrago muito maior, e ele não estava na rua atacando crianças, estava dentro do próprio pátio e agiu conforme seu instinto. Sou coerente e entendo isso. E exatamente por esse motivo é que acalmamos nosso filho e fomos para casa agradecidos.
Mas digo sinceramente que meus hormônios entraram em ebulição de uma forma, que para manter a compostura e educação, eu quase entrei em convulsão “raivil”!
Em três minutos o menino se acalmou, limpamos o ferimento, e hoje Paulo o levará ao setor se zoonose da cidade. Mesmo sendo tudo superficial, e com um cachorro doméstico, sabemos que prevenir nos deixará mais seguros.
Ontem a noite, enquanto eu conferia sua perna, Bernardo me perguntou:
-Mãe, porque você não falou para eu não correr?
Tive vontade de falar para ele que nunca vou conseguir prever todos os perigos do seu caminho, e o quanto temo por isso. Por saber que não posso protegê-lo de se machucar, por fora e por dentro. Que não posso prever o futuro, nem enxergo além da parede. E que cada dia mais ele terá que caminhar sozinho, e que por mais que eu quisesse que fosse diferente, faz parte de seu crescimento e desenvolvimento.
Tive vontade de falar também de todos os perigos que eu vejo e tento avisá-lo, mas que ele por querer se posicionar como pessoa, ou por querer provar que eu estou errada, vai lá e faz mesmo assim. E que se eu pudesse passaria a vida segurando a sua mão, mas que é ele próprio que quer soltar e descobrir o mundo.
Tive vontade de falar que eu já tinha me questionado a respeito disso, afinal sabia que lá em baixo tinha um cachorrinho, e mesmo assim não me lembrei a tempo de protegê-lo, e o quanto eu queria que tivesse sido em minha perna. (Tá, na perna do Paulo. Não quero prejudicar a Natália também… hehe)
Mas não disse nada disso. Apenas falei que nós dois podemos aprender com essa lição. E o quanto ele tinha sorte por ter sido um machucado tão pequeno, e que eu queria que ele tivesse mais cuidado com cachorros.
Histórias para a sua vida!