Em frente ao caixa 5 eu sentei e chorei – Parte I

Aquele dia quando acordei, com aquele pijama de cupcake que eu amava, mas ficava curto na barriga, senti que uma colherada de Nutella poderia deixar meu dia mais bonito. Aquela altura eu já não me importava mais se no fim teria engordado 10, 20 ou 30 quilos, principalmente porque as duas primeiras alternativas já tinham ficado para trás a algumas semanas.

Quando abri a geladeira e imediatamente não consegui ver o pote de Nutella um sangue quente subiu até meu rosto, eu tinha consciência do que viria em seguida. Mas como tinha tomado a decisão interna de brigar menos em casa, respirei seguidamente até o sangue voltar a circulação normal e peguei o pote de doce de leite mesmo.

O dia já estava quente, e descobri pela primeira vez o que sentia uma mulher que além de não poder lavar decentemente as próprias partes, não conseguia vestir a própria sapatilha em um pé que parecia um pão crescido. Mais uma vez, decidi não me irritar e coloquei o meu melhor chinelo de dedo.

Aquele calor parecia uma afronta pessoal, senti uma vontade controlável de tirar a roupa e caminhar pelada pela rua, o que me fez rir, já que naquele mesmo momento eu parei na faixa de pedestres para uma mulher atravessar, e ela pelo jeito não se importava de caminhar pela rua sem roupa, a diferença era que ela parecia ter saído de uma revista masculina, e eu pareceria ter saído de uma revista rural.

Fiquei pensando na trilha sonora que mais combinaria com esse momento da minha vida, não consegui definir, então continuei ouvindo música clássica mesmo, o bebê merecia nascer inteligente.

Eu tinha uma lista de coisas para organizar antes do nascimento, coisas que eu achava que ninguém mais no mundo conseguiria fazer, mas na verdade o que eu queria era ficar dormindo, comendo e assistindo um bebê por minuto na TV a cabo.

Continua na próxima semana…

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