Pensa em uma dupla de meninas fofas, gêmeas idênticas, de dois aninhos mais ou menos, gorduchas, bochechas rosadas, duas chiquinhas nos cabelos enroladinhos. Daquelas crianças que fazem até o mais machão virar a cabeça e pensar: -ónnnn!
Então, agora pensa eu com minha mãe, irmã e Bernardo no mercado. Ficamos lado a lado com essas fofuras na fila do caixa. A Yasmin brincou com uma delas que sorriu toda simpática, e eu, retardada que só, comecei a brincar também…
O pai, todo coruja, sorriu para nós duas, tudo muito familiar e terno. Até que uma delas começou a berrar. – NÃO OLHA PARA O MEU PAI!!!
A outra, como em um instinto de irmãs, sei lá, começou a berrar junto: -NÃO OLHA PARA O MEU PAI!!! VAI EMBORA. NÃO OLHA PARA O MEU PAI!!!!
Metade do mercado, todas as caixas, mais cinco fiscais começaram a nos olhar torto. E as meninas pulando dentro do carrinho, rosnando e gritando NÃO OLHA PARA O MEU PAI!!!
Já pude imaginar a mãe das crianças me dando uma voadora nas costas, o guarda do supermercado pedindo para eu me retirar, enquanto a sociedade protetora dos pais atacados por taradas no supermercado viesse me multar.
Ou pelo menos que aparecesse o Ivo Holanda e falasse: Dá uma olhadinha ali em cima, tá vendo aquela câmera?
Mas não, tive que ficar sorrindo amarelo até elas se acalmarem mesmo…