Está decidido. Eu quero ser um pai independente…

Nós criamos os filhos para o mundo (Falar é fácil, quero ver na prática).

O Bernardo está com 7 anos e, ao contrário da Natália, sempre foi menos independente, quer sempre a gente por perto e, embora seja capaz, prefere depender de ajuda para fazer a maioria das coisas, essa é uma característica da personalidade dele e nós tentamos respeitar o seu tempo de amadurecimento. Mas essa semana ele apresentou dois rompantes que, de leve, me fizeram pensar nas coisas que ainda virão.

Já faz algum tempo eu fiz um tênis em papelão para que ele aprendesse a amarrar os sapatos sozinho, ele treinou e aprendeu, mas sempre dá um jeitinho de pedir ajuda, alega que é difícil, que está cansado, com sono, etc, etc, etc. Mas me surpreendeu em uma manhã dessa semana quando eu vi que ele já havia amarrado os sapatos sozinho, sem as costumeiras pressões que faço pra ele se arrumar e no mesmo dia ao chegar na escola saímos do carro e ele disse – “Pode deixar que eu vou sozinho, já estou bem grandinho.”

Na hora eu pensei: “Como assim? Você depende de mim pra se cuidar menino. Você acha que pode fazer essas coisas, mas não pode Nemo, oopps… Bernardo.”

Imagine só, o carro fica estacionado há no mínimo uns 100 metros da escola e ainda tem que atravessar uma rua onde os carros andam a pelo menos uns 20 Km/h. É um absurdo ele querer ir sozinho, não acham?

bernardo-escola-cinza

O que acham que eu fiz? Deixei ele ir sozinho, é claro. Depois de ajudar ele a atravessar a rua e quando estava há uns 20 metros do portão.

E neste momento eu percebi o quanto ‘EU’ sou dependente. Isso mesmo, considerar que os filhos são dependentes dos pais é um auto-engano, é algo em que nos apegamos e tentamos acreditar enquanto podemos, mas inevitavelmente a inversão se dará em um tempo bem mais curto que esperamos. Os sentimentos que se tem por um filho são inexplicáveis e o desejo de tê-los em baixo das nossas asas por toda a vida existe e é inegável, mas eles crescem, se tornam independentes e, além de tudo isso, têm vida própria. E a casa cheia, bagunçada, barulhenta e repleta de choros e risadas em muito pouco tempo se transforma em uma residência organizada, silenciosa, sem disputas por atenção e por aparelhos eletrônicos, mas com tendência a se tornar oca, vazia e sem graça.

Aí vê-se e confirma-se a importância de ter alguém ao seu lado que monitore seu envelhecimento e que ao te ver de óculos diga “Nossa, você está parecendo um senhorzinho.” E que ajude a preencher todos os espaços que possam ter ficado vazios com a independência e o inevitável distaciamento dos filhos.

E ao perceber isso eu decidi que pretendo ser um pai totalmente independente. E quando o Bernardo e a Natália estiverem com seus 25 e 30 anos e já puderem sair sozinhos a noite com os amigos eu prometo que não vou ficar sem dormir até que eles voltem pra casa.

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