Os especialistas sugerem que com o nascimento de um filho os pais devam iniciar algumas poupanças, como por exemplo para a educação. Eu sugiro que iniciem também uma poupança para gastos extraordinários, como por exemplo ir ao circo!
Depois do investimento seguro da entrada e estacionamento, que já estavam calculados e previstos, você entra com seu filho no mundo encantado. Então aparece um vendedor com um brinquedo mirabolante, que brilha no intervalo de um segundo em trinta e sete cores diferentes, e canta uma música tão alta que deixa uma rave no chão, fora que gira 99 RPM fazendo barulho de matraca. E em dois minutos essas luzes estão espalhadas por mãozinhas fofinhas, mais parecendo armas alienígenas prontinhas para hipnotizar qualquer mãe de família. E não tem como deixar seu rebento, com olhos de gato de botas, de fora. E lá vamos nós, nos sentindo helicópteros, rumo a arquibancada.
Agora sim, munidos de pipoca e refrigerantes, esperamos o início do show. O papai, que já gastou o dobro do previsto e calculava incansavelmente o prejuízo que ainda não estava no fim, não esperava a reação do filho. Quando as luzes do picadeiro acenderam e o evento teve início, a reação do Bernardo foi tão intensamente feliz, que nós começamos a aproveitar também. Cada aplauso o Bernardo não batia somente as mãos, dava para ver aplausos em seus olhos e seu coração. O Bernado gargalhava do espetáculo, e nós, de poder proporcionar esses momentos para ele. Fazer alguém que amamos tão feliz, por uma coisa tão simples, não tem explicação.
E no decorrer do show, ao percebermos que o pipoqueiro era também malabarista e motoqueiro do globo da morte, e que o vendedor de brinquedos era mágico e palhaço, sentimos uma simpatia muito grande por esses artistas sem nome e sem endereço, que por uma hora das nossas vidas nos fizeram rir do fundo do coração.
Por isso digo, tem coisas que realmente o dinheiro não paga.
Principalmente ter um espetáculo completo sem fim, do meu palhaço-super herói-e lindo todas as noites!
