A mãe que eu queria ser!

Esses dias fiquei pensando em qual foi o momento em que eu idealizei a maternidade. Que eu seria mãe nunca tive dúvidas, mas eu queria saber como foi que escolhi o tipo de mãe que eu queria ser. Voltei então a tempos remotos onde eu carregava uma boneca encardida, que usava fraldas de pano e revesava entre os nomes Kethleen Kayra e Thayra Linnah. Naquela época eu era uma mãe viúva e criava minha filha sozinha a duras penas. (Eu sei, assistia todas as novelas possíveis e sem dúvida fazia parte do núcleo pobre, mas só me dei conta disso quando conversando com uma amiga ela me contou que em suas brincadeiras era casada com um banqueiro que estava viajando! Será que terapia resolve?)

Enfim, naquela época eu sabia direitinho como faria com meus filhos. Sempre pensava baixinho que meus filhos iam ter tudo que quisessem! Que eles teriam todos os brinquedos que pedissem e que eles nunca precisariam secar a louça. Eu também faria para eles um café da manhã igual ao do programa da Xuxa, todos os dias, e os acordaria só quando a mesa estivesse colocada! (Pensamentos de criança!)

Já na adolescência eu sabia melhor ainda a mãe que seria. Eu sim ia entender meus filhos. Ia ter paciência. Ia confiar neles. Ia permitir que eles fossem eles mesmos. Não ia nunca xeretar suas gavetas, guarda roupas ou mochilas. Não ia contar para os outros nada a respeito deles. Também usaria roupas adequadas a minha idade. (Pensamentos de adolescente!)

Grávida do Bernardo então… Eu poderia enfim ser a mãe perfeita! Sabe, né. Nada de televisão, nem de açúcar, nem desses artifícios que as mães usam para entreter um filho. Também iria dormir em sua cama, em seu quarto, desde o início. Birras? Isso é para pais que não sabem educar. Porque sinceramente, aqui em casa eu teria as rédias da situação. Tudo se resolveria na conversa, ele nunca precisaria mentir, pois além de tudo eu seria uma mãe compreensiva e paciente. (Pensamentos de adulta sem filhos!)

Então o bichinho nasceu. E eu conheci três coisinhas que jamais pude imaginar antes de ser mãe.

1- Ele não nasceu um robô. Nasceu cheio de personalidade e vontades próprias, que na maioria das vezes iam contra as minhas vontades próprias.

2 – Descobri enfim o que era a culpa materna. Opressora. Infame. Sem volta.

3 – Nunca pude imaginar o amor que a gente desenvolve por um filho. Não sabia o quanto isso era arrebatador e o quanto trazia para a nossa visão um manto espesso da mais pura ignorância. (Sim, descobri porque mães são um ser cegueta).

E foi nesse processo que a mãe que eu queria ser afundou nas profundezas das memórias. E ela deu espaço para mãe que eu sou. A mãe que eu sou é muito diferente da que eu idealizava. Teorias? A mãe que eu sou já não se atreve a se apegar a elas. Algumas coisas ficaram, como a paciência que sempre falei que teria. Também teve coisas das quais não abri mão, mesmo sendo muito difícil.

E por fim, mesmo a mãe que me tornei sendo tão diferente do que a esperada e tão diferente do que qualquer outra, eu me apeguei a ela sabe. Essa mãe já se acostumou a cusparada na testa pois acredita que dormir abraçadinha ao filho não faz mal algum. Também acredita que um bolo de chocolate no café da tarde, principalmente quando ele foi feito junto com o filho, não é vilão de nenhuma vida saudável. E acredita que mudar de ideia e de planos não é vergonha nenhuma, pois nessa casa crescer e aprender não são tarefas exclusivas das crianças.

Uma das coisas boas é que a mãe ideal pintava as unhas, NUN-CA usava roupa de baixo beje e penteava o cabelo TO-DOS os dias! Sim, senti uma leve saudade…

 

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